O HOMEM DA AREIA – UMA PERSPECTIVA IMERSIVA DO CONTO DE E.T.A. HOFFMANN
Mateus Falcão
Graduando do Curso de Cinema e Audiovisual, ICA, UFC, Fortaleza (CE). E-mail: mateusfalcao@alu.ufc.br.
Mariah Soares Duarte
Graduanda do Curso de Cinema e Audiovisual, ICA, UFC, Fortaleza (CE), mariahduarte@alu.ufc.br.
“O homem da areia” é uma experiência sensorial que une realidade aumentada, modelagem 3D digital e um áudio imersivo experimental. Inspirada no conto homônimo de E.T.A Hoffmann, abordado durante a disciplina de Laboratório e Expressões Contemporâneas, ministrada pela Profa. Milen Szafir. A obra se apresenta como instalação virtual em 360° graus publicada originalmente na plataforma Youtube. O seu intuito é instigar os sentidos em uma reflexão ativa sobre os estados de consciência e inconsciência que permeiam o cotidiano urbano.
Assista em tela cheia:
Ao simular dois ambientes virtuais onde se situam as formas geométricas de uma esfera e de um cubo (que se contrapõem entre si), propõe ao espectador uma percepção flutuante que vagueie pelo cenário em constante mutação à sua volta, extrapolando o cansaço crônico que permeia a sociedade contemporânea. O medo e a angústia, retratados no conto “O homem da areia”, evidenciam a realidade como algo instável para a psique humana, assim como uma paisagem composta por areia, um ambiente ermo e vasto de onde surgem esferas. Isso simboliza não apenas o espaço de “consciência”, mas também a perspectiva externa de uma mente que circunda e permeia a loucura, esse estado solitário retratado pelo escritor em que nada é alcançado e tudo é inquieto e um tanto irreal.
Como tudo nesse Iugar, as angústias gritam e são abafadas. Desempenham um papel nisso as paredes imensas e infinitas, a claustrofobia no aperto entre elas, a falta de um ponto focal do olhar, o chão desnivelado e a dúvida do escuro. Dois universos se sobrepõem – consciente e inconsciente –, um consumindo o outro em um ato simbiótico ou parasitário. Ao final, tudo é uma questão de perspectiva.